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Manifesto Ágil – Tudo o que você precisa saber: história, valores e princípios

Se você já tem certa familiaridade com a Gestão Ágil, bem provavelmente já ouviu falar sobre o Manifesto Ágil. Por mais que algumas metodologias tiveram início antes desse marco, como XP, DSDM, Scrum, FDD etc, foi nesse momento que os profissionais que já as aplicavam convergiram sobre os valores e princípios que guiavam essas linhas de pensamento.

Embora o manifesto tenha surgido em um contexto mais relacionado ao desenvolvimento de softwares, seu impacto já é perceptível nos mais variados setores e tipos de organização.

Entenda mais nesse artigo a importância e o impacto do Manifesto Ágil nas organizações da atualidade.

A História do Manifesto

Os primórdios do Ágil: Os Métodos Leves

Imagine esse cenário: nos anos 90, globalmente, uma indústria em particular sofria com a perda de enormes quantidades de dinheiro em projetos que, com altíssima frequência, eram entregues com atraso, excediam orçamentos e estavam infestados com problemas de qualidade. Clientes estavam insatisfeitos e empresas perdiam dinheiro.

A indústria em questão era a indústria do desenvolvimento de software e as pessoas potencialmente mais afetadas pelos problemas citados eram os próprios desenvolvedores.

Essas pessoas trabalhavam cada vez mais intensamente, mas os problemas persistiam. Demitir desenvolvedores e contratar novos tampouco parecia funcionar. Chegava a hora de rever as normas e princípios que regiam a forma como pessoas e empresas desenvolviam softwares.

Nesse contexto conturbado, um grupo de líderes da comunidade do Extreme Programming, uma metodologia de gerenciamento de projetos de TI, se reuniram em algum lugar em Oregon na primavera do ano 2000 para discutir os diversos tópicos envolvidos o processo de desenvolvimento de software com XP (Extreme Programming).

Nessa ocasião, tais líderes discutiram sobre processos emergentes de desenvolvimento de software, chamados inicialmente de métodos leves (Lightweight Methods), e a sua relação com XP.

Os métodos leves traziam uma filosofia diferente daquela presente nos chamados métodos pesados, que apresentavam uma formalização exagerada nas documentações e regulamentações, sendo, majoritariamente, influenciados pelo burocrático e tradicional modelo em cascata, onde o sequenciamento rígido de etapas e tarefas de projetos é a regra do jogo.

Trata-se de momento de onde surgiria o Manifesto Ágil.

Após essa reunião, um dos presentes, Robert Cecil Martin, também conhecido carinhosamente como Tio Bob, idealizou um encontro específico para pessoas interessadas nos métodos leves.

Manifesto Ágil reunião

A reunião de Utah

Uma grande lista de desenvolvedores foi contatada, mas, em fevereiro de 2001, no resort Snowbird, situado nas montanhas do estado americano de Utah, apenas dezessete pessoas compareceram a um momento que iria impactar o mundo dos negócios de uma maneira que elas pouco poderiam prever.

Na reunião, as pessoas envolvidas foram chegando a um grau de concordância sobre aspectos relativos ao desenvolvimento de software. Foi decidido, então, elevar o nível da reunião por meio da confecção de um documento que funcionaria como um grito de guerra defendendo novos processos de desenvolvimento de software.

Inicialmente, tinham que escolher um nome que expressasse o significado daquele movimento que surgia com sentimentos fortes e “métodos leves” não parecia ser bom o suficiente.

Decidiram, por fim, que a palavra “ágil” (agile) captava a ideia que eles estavam criando. A única ressalva veio de Martin Fowler, um britânico que temia que os americanos não saberiam pronunciar a palavra agile; preocupação válida para um movimento que tomou proporções globais.

Com um nome em mãos, era hora de colocar em palavras as ideias sobre desenvolvimento de software que se tornaram consenso entre aquelas importantes dezessete pessoas. Inicialmente, foram escritos os valores do manifesto ágil, que tinham que transmitir as principais crenças que aquelas pessoas compartilhavam.

Posteriormente, foram trabalhados os princípios que traziam especificidade e mais detalhes para o que seria o desenvolvimento ágil de software. No final, aquele grupo possuía um documento que conseguia expressar, com clareza, o que defende e o que opõe, deixando explícito o que é e o que não é ágil.

Tal documento incitaria mudanças na forma de trabalhar que constituiu um novo paradigma de gestão.

Tal paradigma não surgiria dos ternos e gravatas graduados nas mais aclamadas escolas de negócios, mas viria, sim, dos “geeks”, desenvolvedores que sentiam na pele as consequências de trabalhar em um modelo gestão que se mostrava incapaz de dar suporte para as metas e resultados acordados.

A era ágil moderna surgiu por necessidade em uma indústria que precisava de mudanças de forma urgente. Com o passar do tempo, os princípios e práticas que surgiram dessa indústria passaram a ser vistos como valiosos nos mais variados contextos possíveis.

Os valores do Manifesto Ágil

O manifesto ágil trouxe 4 valores principais que devem guiar a atuação dos projetos ágeis. São eles:

  • Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas

É dizer que o que é mais relevante é se conectar com as pessoas e a forma como nos relacionamos com elas.

Aplicar o conhecimento em moldes ou ferramentas fica em segundo plano.

  • Software em funcionamento mais que documentação abrangente

No desenvolvimento de software, é comum criar uma documentação gigante antes de efetivamente começar a programar.

Trazer isso para a realidade de negócios quer dizer que temos que passar menos tempo pensando e planejando e mais tempo efetivamente executando, mesmo que a execução não gere resultados imediatamente perfeitos.

  • Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos

Esse valor diz é que é muito mais importante você conhecer seu cliente ou parceiro e co-criar, ao invés de ficar discutindo quem leva a maior vantagem em uma eventual negociação.

  • Responder a mudanças mais que seguir um plano

O mundo é dinâmico. Existem tantas variáveis que é muito mais importante entender o contexto e agir do que seguir parâmetros pré-estabelecidos.

Manifesto visual

Os princípios do Manifesto Ágil

Além dos valores, o Manifesto traz 12 princípios inerentes a projetos e organizações ágeis, sendo:

  1. Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente, através da entrega adiantada e contínua de software de valor.
  2. Aceitar mudanças de requisitos, mesmo no fim do desenvolvimento. Processos ágeis se adequam a mudanças, para que o cliente possa tirar vantagens competitivas.
  3. Entregar software funcionando com frequência, na escala de semanas até meses, com preferência aos períodos mais curtos.
  4. Pessoas relacionadas à negócios e desenvolvedores devem trabalhar em conjunto e diariamente, durante todo o curso do projeto.
  5. Construir projetos ao redor de indivíduos motivados. Dando a eles o ambiente e suporte necessário, e confiar que farão seu trabalho.
  6. O Método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para, e por dentro de um time de desenvolvimento, é através de uma conversa cara a cara.
  7. Software funcional é a medida primária de progresso.
  8. Processos ágeis promovem um ambiente sustentável. Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários, devem ser capazes de manter indefinidamente, passos constantes.
  9. Contínua atenção à excelência técnica e bom design, aumenta a agilidade.
  10. Simplicidade: a arte de maximizar a quantidade de trabalho que não precisou ser feito.
  11. As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de times auto organizáveis.
  12. Em intervalos regulares, o time reflete em como ficar mais efetivo, então, se ajustam e otimizam seu comportamento de acordo.

Mas o que tudo isso tem a ver com meu negócio?

O Manifesto Ágil traz os valores e princípios necessários para projetos e organizações que querem adquirir vantagem competitiva, focando mais no cliente e no valor gerado do que na rigidez e burocracia das regras do processo.

Tais ideias permitiram que muitos projetos de TI evitassem os históricos atrasos e estouros de orçamento e, com o tempo, passaram a ser ideias de gestão, não restritas a nenhuma indústria, que empoderam empresas dos mais variados setores a entregarem mais valor, a partir de menos trabalho. E, de acordo com muitos especialistas, tais ideias, hoje, são muito mais “pré-requisitos” do que “opções”.

Como diria Stephen Denning: “ou você vai liderar a revolução ágil ou você vai seguir quem o fizer”.

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